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A JORNADA DE SUPERAÇÃO E REDENÇÃO DE LADI KUHN: DO PARAGUAI AOS ESTADOS UNIDOS, DA DOR À ESPERANÇA

Por Ladi Kuhn
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Quem é Rutty Steinberg?
Rutty é carioca de nascimento, tem 73 anos e é psicóloga e escritora. Atualmente, vive em Israel, em um
kibutz cercado pela natureza. Há cerca de cinquenta anos, decidiu seguir o caminho da ajuda ao próximo
e formou-se em Psicologia, escolhendo a área clínica como sua vocação.


A Terapia da Alma e a Arte de Superar
Ao morar em outros locais além do Rio de Janeiro, fui tornando o mundo meu consultório e, ao longo
desse percurso, me especializei em psicoterapia breve, individual e grupal — o que chamo de terapia da
alma , sempre buscando oferecer à Psicologia uma visão mais abrangente. Essa trajetória me conduz
naturalmente ao tema da superação, ou como gosto de dizer, da “super-ação”, quando os desafios, que
são parte dessa grande escola chamada vida, nos transformam em mestres de circunstâncias nas quais a
única saída é o enfrentamento.
Às vezes, é o perdão que se cansa de perdoar; outras vezes, é a saúde que se distancia da harmonia
esperada; ou ainda, são as perdas e as mudanças que chegam sem aviso prévio e nos sacodem. Alguns
desafios nos alertam, é verdade, mas nem sempre os percebemos — e, quando a dor chega de alguma
forma, nos perguntamos como sair dessa situação, se, na maioria das vezes, a ansiedade, o desespero
ou o medo nos cegam. Ouvi muitas histórias e, como todas as mulheres, também tenho algumas para
contar — histórias que poderiam ser chamadas de desafios emocionais: traições, incompreensões,
divórcios, separações, rejeições, ameaças e perseguições de ex-maridos, cuidar dos filhos, garantir o
sustento, e tudo isso com o medo sempre por perto. Mas aprendi a não deixar o medo me paralisar, a ir
com medo mesmo. Fui enfrentando, aprendendo, buscando soluções para a hora do “como saio dessa?”
e deixando para depois a hora do “por que estou aqui?”


Dias de Guerra, Noites de Medo
No entanto, há situações em que o controle é muito mais complicado, como vivenciar um estado de
guerra, o que experimentei recentemente. Falo de inesquecíveis fugas para refúgios, várias vezes ao dia,
inclusive de madrugada; do sono que se fragmentou entre sirenes, estrondos, sustos, clarões e notícias
imprevisíveis, com imagens aterradoras de destruição, ferimentos, mortes — e sem saber nada sobre o
próximo minuto do meu dia. Falo também sobre dormir vestida e sempre alerta. Sobre o medo, o
estresse — no corpo físico e na alma —, e sobre aquela sirene que podia tocar a qualquer momento,
ecoando em meu plexo solar. Aprendi a deixar uma bolsinha com água, meu floral Rescue e o celular
pendurados perto da porta, para, em um minuto, estar no abrigo. Minha respiração, ao subir até o local
de refúgio, não facilitava, e o fôlego curto me fez, algumas vezes, precisar dar a mão aos vizinhos para
conseguir chegar. Chorei todas as lágrimas que tinha, por compaixão, pela enorme dor da situação e de
todos ao meu redor. Fui desaprendendo a relaxar, minha alegria de viver sofreu um grande baque,
deixando que uma espécie de aceitação anestésica me absorvesse. Meu estômago doía a cada sirene
ouvida e, mesmo não tendo passado por ferimentos ou destruição de meu lar (o que agradeço a Deus
diariamente), vivi uma exaustão como nunca me lembro de ter sentido.

Depois da Tempestade, a Luz - Descobertas sobre fé, propósito e o poder de cuidar de si e do outro


Esse desafio me trouxe um novo olhar sobre significados e valores da vida. Passei a me interessar pelas
questões do tempo, dos limites e das possibilidades das pessoas mais idosas, sobre o envelhecimento
com dignidade e sabedoria. Decidi me voluntariar na casa de idosos do kibutz onde moro, em Israel,
facilitando grupos de convivência juntamente com a coordenadora do espaço. Fiquei disponível para
atendimentos on-line gratuitos às pessoas em situação de risco ou em pânico; comecei a registrar
emoções no meu blog; fiz duas mentorias de Chi Kung — o que foi e ainda é muito importante —, pois
vem me ajudando na questão energética. Retornei aos estudos sobre espiritualidade e participo de
grupos de estudos on-line. Disse a mim mesma que agora eu era a minha principal cliente e precisava
voltar a ter esperança. Abracei meus antigos aliados - os Florais de Bach, de maneira pontual, e me
conectei com amigos on-line que permaneceram ao meu lado o tempo todo, preocupados e presentes.
Percebi então a mudança em meu sistema de crenças sobre a vida, após essa angústia extrema,
desejando compreender o que realmente importa. Talvez assim possamos entender melhor nossa
própria coragem diante dos enfrentamentos que se tornam necessários e, dessa forma, ajudar quem
precisa. De onde vem essa coragem? Do medo? Do amor?
A vida segue, e a melhor atitude diante das superações que se apresentam é respirar fundo, enfrentar o
que tiver de ser enfrentado, da forma que for possível — e pedir ajuda! Há mulheres se ajudando, e isso
é maravilhoso. Lembra aquela música: “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”! Há muitas
experiências a serem trocadas, para que possamos ensinar umas às outras ferramentas que auxiliam nas
superações — além de aplacarmos a solidão em momentos de carência e insegurança, em seus diversos

 

 

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