A JORNADA DE SUPERAÇÃO E REDENÇÃO DE LADI KUHN: DO PARAGUAI AOS ESTADOS UNIDOS, DA DOR À ESPERANÇA
Por Ladi Kuhn
Adriana e a luta contro a Síndrome de Burnout
Introdução
Dando sequência ao tema sobre Síndrome de Burnout, um tema muito comum
nos tempos atuais, principalmente entre mulheres, o Projeto Superar e Ser Feliz
lança mais uma história de superação justamente com este tema.
Sobre Síndrome de Burnout
Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio
emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante
de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.
Uma mulher com Síndrome de Burnout muitas vezes demora a perceber que sofre da doença. As mulheres sofrem mais com o burnout do que os homens. A constatação está nos dados da pesquisa Women in the Workplace de 2021. 42% das entrevistadas já sofreram com diversos sintomas da doença.
Em 2022, uma a cada três mulheres pensou em deixar o emprego devido ao burnout. Outras decidiram trocar de carreira. E algumas pensaram em trocar por um emprego menos estressante por causa do mesmo problema. Entre os motivos que fazem com que as mulheres sofram mais com a doença estão a rotina excessiva, alta cobrança, busca por resultados e a busca por uma suposta perfeição. É o que diz a psiquiatra Camila Magalhães: “De fato, olhando agora para a população geral, a gente percebe que as mulheres possuem prevalência de burnout, por causa, provavelmente, do papel social feminino, que vai do estresse crônico do trabalho para além do trabalho formal, mas também para o trabalho que elas exercem na esfera doméstica.
SOBRE ADRIANA G. DE LUCA
Sou Adriana Gnevkovsky De Luca, neta pela parte materna de um polonês judeu e avó ortodoxa russa. Meu pai é italiano e minha mãe nasceu em Shangai,China, com a revolução chinesa veio para o Brasil. Nos idos dos anos 60, meus pais se casaram. Sou a irmã do meio. Tenho 56 anos. Sou uma mistura de raças e credos, que me fizeram buscar desde a infância a minha essência. Carioca da gema, sou pós graduada com formação em Direito Penal. Tenho um filho, Igor, hoje com 25 anos, formado em Nutrição. Casada pela terceira vez com uma pessoa que conheci há 30 anos e que reencontrei no início da pandemia. Sou formada como educadora infantil. Decidi estudar Direito na Faculdade Candido Mendes em Ipanema em 1985, me formei aos 22 anos.
JORNADA
Sempre buscava uma forma de ter meu dinheiro pois meus pais, já separados, não tinham condições de pagar nada além dos meus livros. Comecei a estagiar em escritórios de advocacia e depois fui convidada para um cargo de confiança de um Juiz de segunda Instância no Tribunal no Rio. Em 8 de março de 2004, Dia Internacional da Mulher, tomei posse e comecei um árduo trabalho. Sempre fui “workaholic”. Minha vida era o trabalho e meu filho. Separei do pai dele quando tinha três meses e fui mãe “solo” a vida toda.
Os anos se passaram, e, por volta dos meus 46 anos comecei a sentir mudanças em meu corpo, minhas taxas hormonais estavam baixas, e, como havia realizado histerectomia, percebi que estava entrando na menopausa. Não me cuidei! Afinal, que tempo eu teria?
Em 2014, fui trabalhar em outro local na mesma instituição. Eram mais de 7.000 processos judiciais físicos, alguns servidores públicos e muitos estagiários. Realizamos projetos incríveis para pessoas em cumprimento de penas.
Em 2019, recebi a maior missão até aquele momento, teríamos que tornar aqueles processos em digitais, pois passaríamos para um novo sistema virtual.
A pressão era grande, meus hormônios estavam muito baixos, tinha noites seguidas de insônia, só pegava no sono pela manhã e tinha que levantar correndo, enquanto meu corpo gritava, mas não podia parar. Não tirava horário de almoço, comia à frente do computador, atendia pessoas o dia inteiro, resolvia questões graves de liberdade. Chegava em casa, mal olhava meu filho, naquela época um adolescente, e arrumava algo para jantarmos e caia na cama exausta.
Tirei dois anos sabáticos sem relacionamentos. Sempre tive um vazio enorme no peito e não conseguia enxergar que era falta de amor próprio. Precisava de alguém a meu lado para “me sentir plena”.
A pandemia foi decretada no início de 2020, logo após o famoso carnaval carioca! Lembro que eu olhava para todos, e parecia que estávamos fugindo de uma guerra, as pessoas abrindo gavetas, retirando seus pertences e eu ali, paralisada. Decidiram que trabalharíamos em escalas presenciais e passamos a conhecer o “home office”. Em casa, toda correria física acabou mas minha mente não parava nem quando dormia. Acordava exausta, meu corpo explodia, comecei a ter uma das primeiras crises de pânico (não sabia exatamente o que era). Porém, tinha que seguir. Não pensava em Deus naquele momento e estava sem chão, sem suporte emocional e espiritual, sem ninguém para compartilhar minha dor. E ainda veio o pior, meu filho decidiu sair de casa durante a pandemia, senti também a dor do ninho vazio.
Até aquele momento não busquei ajuda. Uma grande amiga sabia que estava trabalhando em casa e me convidou para casa dela de campo. Continuei enlouquecida, tentando manter a equipe de mais de 30 pessoas de pé. E naquela semana reencontrei uma pessoa que conhecia há 30 anos. Foi um reencontro incrível. Começamos a nos relacionar e decidi que o melhor era me mudar para o interior pois me traria mais calma. O Rio de Janeiro estava cada dia pior.
Quando tinha que trabalhar presencialmente, as crises de pânico se intensificaram. Ali, a “Mulher Maravilha” teve reconhecido o burnout. Todos os sintomas estavam presentes, ansiedade, medo, pânico, exaustão, fog, minha memória falhava o tempo todo, distúrbios intestinais, ninguém falava do que se tratava; meus médicos cuidavam das dores físicas, não as emocionais e da alma. Descobri que também que tinha fibromialgia. Fui afastada por doença do trabalho pela primeira vez em 20 anos. Meu mundo ruiu.
Para florear e sair da palheta de cores cinzas, decidimos nos casar numa cerimônia linda realizada pela minha psicóloga de constelação familiar. Estou aprendendo o que é amor próprio. Encontrei minha religião, sou espírita, medito, retomei atividades físicas; iniciei meu tratamento com canabidiol e tenho tido resultados incríveis. Precisei me religar à natureza, que é o amor divino, para me reencontrar. Hoje sou uma mulher inteira que renasce todos dias agradecendo à Deus pela vida e sou muito feliz. Criei uma página no instagram mulhermaravilha_burnoutada onde compartilho experiências.

