A JORNADA DE SUPERAÇÃO E REDENÇÃO DE LADI KUHN: DO PARAGUAI AOS ESTADOS UNIDOS, DA DOR À ESPERANÇA
Por Ladi Kuhn
INTRODUÇÃO
Renata Gomes carrega em sua história marcas profundas deixadas por uma infância difícil,
marcada por abusos e silêncios dolorosos. Crescer em meio à dor e à quebra de
confiança foram experiências que, por muito tempo, pareciam condená-la a um ciclo de
sofrimento e insegurança. No entanto, a trajetória de Renata não termina onde começou.
Hoje, ela é o retrato de uma mulher transformada — mãe, empreendedora e serva
dedicada à obra de Deus.
SOBRE RENATA GOMES
Renata é brasileira e reside nos Estados Unidos há quase sete anos, período durante o qual construiu uma trajetória marcada por desafios superados e conquistas significativas. Seu filho mais velho está prestes a ingressar em uma das instituições de ensino superior mais renomadas do país, enquanto o filho do meio já trilha seu próprio caminho profissional, assim como o irmão. Ela administra, ao lado da família, a Gomes Creperia — um empreendimento que se tornou motivo de orgulho e símbolo do espírito empreendedor que os une.
JORNADA DOLOROSA DE RENATA
Minha infância foi marcada por experiências traumáticas que deixaram cicatrizes profundas em minha
vida. Por volta dos oito anos, comecei a vivenciar situações de abuso no ambiente familiar. Certas interações, que deveriam representar afeto e proteção, ultrapassaram limites e me causaram sofrimento. Apesar de tentar expressar meu desconforto, essas situações continuaram acontecendo de
forma recorrente e silenciosa.
Mais tarde, aos dez anos, enfrentei outro episódio de abuso, envolvendo uma pessoa em quem eu
confiava e via como uma figura paterna — alguém próximo da minha família. Eu nutria um carinho verdadeiro por essa pessoa, especialmente pela ausência de meu pai que havia falecido. Infelizmente, essa confiança foi quebrada de forma muito dolorosa.
Além dessas experiências traumáticas, também fui vítima de violências fora do ambiente familiar. Em certa ocasião, fui abordada por um estranho em uma situação de vulnerabilidade, o que resultou em mais uma vivência dolorosa. Pouco tempo depois, outro incidente ocorreu em um local público, reforçando meu sentimento de insegurança. Essas experiências me deixaram com uma visão muito
negativa dos homens e da paternidade. Eu via maldade em qualquer gentileza masculina e não conseguia confiar nem em Deus como Pai. Sempre ouvia dentro de casa que "se um homem abusar de você, a culpa é sua", o que me isolava e deixava sem a quem pedir ajuda.
Essas adversidades afetaram minha vida de forma profunda. Eu tinha dificuldade em
confiar em pessoas, descartava relacionamentos rapidamente e carregava uma enorme
dor emocional. Sofri crises
de depressão e ansiedade, e até tentei tirar minha própria vida. Minha relação com Deus
era distante; eu o via como um ser que só me atenderia se eu fosse perfeita, e que não
se importava com minhas pequenas dores. Sentia que as pequenas coisas eu precisava
resolver sozinha, pois Deus não perderia tempo com isso.
A VOZ QUE TRANSFORMOU A MINHA DOR
No ano de 2023, encontrava-me profundamente abalada emocionalmente, imersa em lamentos e
questionamentos sobre o rumo da minha vida. Em meio a uma intensa crise de ansiedade, dirigi-me a
Deus com revolta, perguntando por que Ele havia me escolhido para carregar tamanha dor. Enquanto
desabafava, tomada pela angústia, ouvi de forma clara e audível uma pergunta que interrompeu meus
pensamentos: “Por que eu?” A mesma pergunta ecoou novamente, agora com um peso que me fez
silenciar. Foi então que compreendi — não era eu quem interrogava Deus, mas Ele quem me
questionava. Era Jesus quem me perguntava por que Ele teve que morrer na cruz por mim.Aquela
revelação me atingiu com força. Diante da consciência do amor e do sacrifício divino, caí de joelhos,
profundamente envergonhada e arrependida, clamando por perdão. Naquele instante, algo em mim
começou a mudar. Assim se iniciou uma transformação profunda e verdadeira em minha vida.
A partir desse encontro, Deus começou a tratar minha mente e meu coração. Entendi que o sofrimento
não desaparece por completo, mas pode ser tratado e usado para um propósito maior.Hoje, sei que
minha vida não é só sobre mim, mas sobre o que Deus quer fazer através de mim para ajudar outras
pessoas.
Em meio a tudo isso, ao conviver com o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH),
enfrentei obstáculos consideráveis no processo de aprendizagem de uma segunda língua —
especialmente vivendo nos Estados Unidos, onde a adaptação exigiu ainda mais empenho. Ainda assim,
com esforço, resiliência e fé, consegui superar essa barreira, o que abriu portas para novas
oportunidades e um significativo crescimento pessoal.
RESSIGNIFICANDO A DOR- DE SOBREVIVENTE À INSTRUMENTO DE ESPERANÇA
Os recursos que me ajudaram a superar minhas adversidades foram principalmente minha fé em Deus,
o apoio da igreja, minha família e a força que Deus me deu para buscar ajuda e me reerguer. Participar
da igreja como voluntária e obreira, cuidar da minha família e ter um propósito maior na vida foram
essenciais para minha recuperação.
Atualmente, sou mãe de três meninos lindos e tenho uma família estruturada. Estou casada com o
mesmo homem há quase 18 anos, algo que para mim era inimaginável, já que sempre ouvi que eu não
daria certo com ninguém. Quando tinha 17 anos, fiz uma oração pedindo exatamente o marido que
tenho hoje, e Deus respondeu. Minha família serve na igreja, onde sou obreira junto com meu marido.
Minha dor ganhou um novo significado quando compreendi que não sou apenas uma vítima das
circunstâncias, mas alguém capaz de transformar a própria trajetória em fonte de cura e inspiração para
outros. Hoje, minha história deixou de ser apenas um relato de sofrimento — tornou-se um instrumento
de transformação, uma voz de esperança para aqueles que também buscam reencontrar sentido em
meio à dor. Frequentemente, pessoas chegam até mim com suas histórias de dor, e eu uso meu
testemunho para acolher, conversar e ajudar, mostrando que é possível superar.

