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A JORNADA DE SUPERAÇÃO E REDENÇÃO DE LADI KUHN: DO PARAGUAI AOS ESTADOS UNIDOS, DA DOR À ESPERANÇA

Por Ladi Kuhn
É possível  Ser Feliz  após o Câncer  por Christina Mattos Luzes

 Sobre Christina Mattos Luzes

Chris, como gosta de ser chamada, é carioca, tem 59 anos e reside em

Portugal há 23 anos. Chris tem 4 filhas e 4 netos (mais um a caminho) e um

maravilhoso companheiro.  Foi secretária desde os 18 anos no Brasil e aos

36 anos, quando foi morar em Portugal, resolveu investir na sua paixão,

confeccionar bolos e brigadeiros para festas. Chris diz “ Eu  adoço a vida

das pessoas”.

 

Jornada de Superação

Tive uma infância muito boa e uma adolescência melhor ainda. Apesar de

pais separados, tive uma família unida e linda. Fiz o 2° grau, e precisei trabalhar

seguindo a profissão de secretária, até que conheci meu marido e viemos para Portugal.

 

Foi uma adaptação muito difícil, não nego. Passei por várias áreas, supermercados, restaurantes, fábricas, faxina, escolas, creches. Tive problemas de xenofobia, pois fui discriminada por ser brasileira. Passei por uma depressão crônica, apesar das minhas filhas e meu marido não me deixarem abater. Quando me via sozinha, a solidão se transformava em lágrimas que lavavam minha alma. Contudo, o sorriso de minha família me impulsionaram a lutar.

 

Em 2004, aos 39 anos, tive minha terceira filha; correu tudo tranquilamente, e por estar bem e sem dores, fiquei 3 anos sem ir ao médico, sem fazer o exame papanicolaou. Decidi seguir o conselho de uma amiga e fui fazê-lo, pois alguma coisa não batia certo, estava com intestino incontrolável e fluxo menstrual intenso, não sentia dores, nada anormal que me levasse a procurar um médico.

Em dezembro de 2006, feito o exame clínico, já se notava o tumor. Sem especificar detalhes, meu médico me encaminhou para cirurgia imediatamente (laparoscopia exploratória). Recebi o diagnóstico de câncer malígno no ovário direito com ramificações (carcinoma malígno). Foi retirado todo o tumor com raspagem e fizeram uma histerectomia.

Aos 42 anos entrava na menopausa. Fazendo as sessões de quimioterapia, tendo enjoos, cansaço, perda total dos cabelos da cabeça e corpo(um verdadeiro choque, para nós mulheres). Tive infecção urinária após 1ª sessão de quimioterapia, pela qual fui internada por 15 dias, passando por transfusão de sangue, antibióticos, hipotensão com febres altíssimas. Entrei em um pré-coma. Os anjos cuidaram de mim nesse momento onde só estava eu e Deus. Não lembrava de mais nada, apenas sonhava em ver minhas filhas, as maiores 17 e 15 e as menores 6 e 3 aninhos, e abraçar meu amor. Após estes episódios tive uma recuperação regada de muito amor. A radioterapia foi finalizada na véspera do meu aniversário. Um presente de Deus. Foram 6 meses de tratamento e 8 anos de acompanhamento médico. 

Ainda nesse país novo para mim, fui surpreendida com muito carinho das pessoas que deixavam coisas à porta; como morava em uma aldeia rural, as doações eram batata, abóbora, couve, etc. Também levavam presentes para as minhas filhas, mas o que me tocava ainda mais eram as palavras de carinho como “Acendi uma vela

Pra ti! O Mundo precisa de você, Chris”. Senti um acolhimento maravilhoso.

Após o câncer, batia uma solidão imensa. A falta da minha mãe, irmão e

amigos antigos, o receio do que viria pela frente tornavam meus dias difíceis

e assim eu ia vivendo meus momentos de solidão, me apoiando sempre em

Deus. Procurava estar sempre sorrindo para minhas filhas e marido e aqueles

que se aproximavam de nós, “alguns anjos sem asas”. Infelizmente, a tristeza

e incerteza das sequelas que o câncer deixaria e o tratamento me tiravam

as forças. Agradecia à Deus, à cada dia, à cada tratamento, à cada dor,

porque tinha a certeza de que Deus estava me dando uma oportunidade

de viver. Ver as minhas filhas  crescerem e ainda mostrar àqueles mais

sofridos do que eu, que se tivermos fé e acreditarmos que existe uma força

maior, que tudo rege, nós podemos ser abençoados e curados. Muitas orações

ao meu redor, pessoas me fortalecendo através de ligações, email, mensagens.

Senti muita luz espiritual à minha volta. O Amor me curou! O amor de Deus,

meu amor por minhas filhas, pelo meu companheiro e por mim mesma.

Costumo dizer que minha vida é AC e DC, antes do cancer e depois do câncer.

A diferença? Foi ter tido uma doença que mata, e eu não morri! Eu venci!

 

Ressignificando o trauma do câncer

Sem um rumo certo após os tratamentos, continuando o acompanhamento com uma médica abençoada, a qual foi responsável de melhorar a minha autoestima, resolvi estudar, fazer uma formação para complementar meus estudos. Foi espetacular! Mas, interrompi e fui fazer voluntariado no centro de saúde local, com o objetivo de “mostrar” às pessoas que eu consegui e elas poderiam conseguir também. Fui convidada  a experimentar a pisco-oncologia e achei que deveria trazê-la para onde moro.

Também recebi convite para falar na rádio local juntamente com o apoio da Câmara Municipal e da Liga Português Contra o Câncer. Meu objetivo maior foi explicar que o câncer pode ser vencido. Dei palestras e meu testemunho.

Comecei a criar uma Associação de doentes oncológicos, junto com as voluntárias do Centro de Saúde, mas não foi avante. Com o aumento dos casos, uma outra equipe criou seu próprio projeto e hoje temos aqui a ADOA, Associação dos Doentes Oncológicos de Arouca. Temos uma equipe orientando sobre tratamentos, leis, direitos, além de eventos que organizam.

Hoje sou Cristã, pertenço à Comunidade Cristã A Semente, onde aprendo a cada dia a seguir o caminho de Deus e que nesta caminhada, sem ELE, nada somos.

Agradeço a Deus que me deu a oportunidade de demonstrar o meu amor por ele e pela vida, e a felicidade de poder fazer parte deste projeto onde posso mostrar à outras mulheres que podemos *Superar* o câncer e *Ser Feliz*.

 

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